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Jornal em Rondônia foi alvo de tiros na madrugada (Divulgação) |
Em um deles, no dia 12 de novembro de 2022, a sede do site
Rondônia ao Vivo foi alvejada com ao menos dez disparos de arma de fogo. O
veículo já vinha sofrendo uma série de ameaças e, numa clara tentativa de
assédio judicial, responde a 38 processos. Menos de duas semanas depois, a sede
da rádio Nova FM, também em Porto Velho, foi incendiada. Apesar das diversas
manifestações públicas sobre as ocorrências e o envio de ofício pela Rede
Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores à Superintendência Regional
da Polícia Federal de Rondônia, não foram adotadas quaisquer medidas efetivas
na proteção dos comunicadores ameaçados.
Mais recentemente, no dia 28 de fevereiro de 2023, oito
tiros foram disparados em direção à casa e ao carro de jornalista do site Foco
em Notícia . A perícia foi realizada na casa e no veículo do comunicador mas,
até o momento, as autoridades policiais não ofereceram maiores informações
quanto ao andamento da investigação e à realização de diligências, tais quais a
coleta de arquivos de câmeras de segurança existentes no entorno.
Também tem destaque o caso de jornalista do portal Painel
Político, que, sob ameaça de morte, deixou o estado. Tentou retornar dois anos
mais tarde, mas considerou que sua vida ainda corria risco. Além da ameaça
física, o jornalista vem sofrendo assédio judicial desde 2016, somando 50
processos contra ele, o veículo e os conteúdos jornalísticos que produz.
Outro caso é o da jornalista que vem sofrendo assédio
moral pelo professor do departamento de direito na
universidade da UNIR (Universidade Federal de Rondônia). Este mesmo professor
já é reincidente de casos de misoginia na mesma universidade. Vale lembrar que,
em 2016, ele mesmo chamou uma professora convidada para uma palestra “de
vagabunda, sapatona, bostinha e cocô”, em razão do contexto da palestra, que
abordava condições de gênero e aborto. Após a jornalista se manifestar no grupo
de mensagens da sala, o professor passou a constrangê-la e ameaçá-la.
Como se não bastasse, o Ministério Público Federal de
Rondônia recebeu denúncia de violência grave contra um indígena da etnia
Guarasugwe, que foi atacado com golpes de remo na cabeça. Há, ainda, relatos de
ataques aos povos indígenas Wajuru, que causaram a morte de jovens na cidade.
Ainda que não se tratem de comunicadores, as violências relatadas e a ausência
de ação por parte das autoridades demonstram que o território tem sido marcado
pela violação de direitos e pela desatenção do Estado.
De forma conjunta, os casos narrados acima demonstram a
escalada da violência contra jornalistas, comunicadores e populações indígenas
em Rondônia. É absolutamente necessário que esse aumento das violações seja
freado imediatamente e, para isso, instamos o poder público a tomar as medidas
necessárias.
Solicitamos ao Observatório de Violência contra Jornalistas
e Comunicadores, criado no âmbito da Secretaria Nacional de Justiça, que tome
conhecimento de tais fatos e encaminhe às autoridades pedidos de atenção aos
casos narrados.
Nos colocamos inteiramente à disposição para mais esclarecimentos e, principalmente, para contribuir com a tarefa do Estado de garantir aos cidadãos o pleno exercício do direito às liberdades de imprensa e de expressão."
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